segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Só a Terra Permanece, de George R. Stewart


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Depois de relacionar este livro entre aqueles que li mais de duas vezes, no post “Quantos Livros você já Leu?”, é preciso dar uma idéia dele, justificando ter colocado junto com outros autores quase compulsórios.
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George Rippey Stewart nasceu em Sewickley, Pensilvânia em 31 de Maio de 1895 e morreu em 22 de Agosto de 1980, formado na Universidade de Princeton, na Universidade da California e na de Columbia. Foi profissionalmente um toponimista estado-unidense, escritor e professor de inglês na Universidade de Berkeley, Califórnia, até 1962.
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Ele é conhecido no Brasil pelo seu livro de ficção científica, Earth Abides (Só a Terra Permanece), de 1949. Única obra publicada no Brasil, dentre tantas e tão variadas que produziu.
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É uma ficção científica dita “apocalíptica”, por descrever o mundo misteriosamente esvaziado de seres humanos por um vírus mortal. Não sei bem o motivo de gostar tanto desse livrinho. Talvez a atitude pacífica e até ingênua do personagem.
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Talvez pelo martelo, onipresente metáfora do homem que sobrevive em qualquer
 circunstância. Gosto de outros livros do gênero “sobreviver”, como “Três Homens num Barco”, de Jerome K. Jerome.
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Com ele, ganhou o primeiro International Fantasy Award em 1951. A ficção foi dramatizada no programa de rádio Escape e inspirou The Stand, obra de Stephen King. O filme com Kevin Costner “O Mensageiro”, texto de Bavid Brin, copia descaradamente a situação de comunidades isoladas numa América pós-guerra final, inserindo um carteiro na trama. Outros autores exploraram o tema “depois do fim”, como Richard Matheson, em “A Última Esperança da Terra”.

No gênero, mas na telinha, tenho assistido o seriado “Survivors”, da BBC, que ainda não passa no Brasil mas pode ser baixado, é passável.

Recente, assisti o filme “The Road”, baseado na novela de Cormac McCarthy, dirigido por
John Hilcoat, com Vigo Mortensen e Charlize Theron, mais algumas participações de peso, que também explora esta situação dramática mas de um ângulo absolutamente aterrorizante e depressivo. Precisa muita coragem para assistir, mas vale a pena. Se você for um dos últimos sobreviventes, não vai dispor de shoppings centers só para você indefinidamente.

Outro filme recente, “The Book of Eli”, dirigido pelos Hughes Brothers, com Denzel Washington, é como o “The Road” acrescentado de um herói ninja e bem pasteurizado.

“Earth Abides” continua sendo um dos melhores romances de ficção científica que eu tive o prazer de treler, um clássico da ficção especulativa que, sessenta anos depois de sua primeira publicação, não perdeu nenhum frescor e originalidade. É uma daquelas situações dramáticas básicas que sofrem frequentes releituras.
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Depois de um evento devastador, com a extinção da civilização humana devido a um vírus de origem desconhecida, Ish Williams deve encarar o fato de ser possivelmente o último ser humano no planeta Terra. Vagando pelos EUA, será confrontado com os dilemas e situações que um homem comum poderia enfrentar. Escrito em 1950, não contém nenhum detalhe que possa datar a obra. Durante as três partes do livro, que coincidem com as três idades do personagem (juventude, maturidade e velhice), Ish será testemunha, ator e lenda viva neste novo mundo que é forjado a partir da destruição da civilização.
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Embora o romance seja altamente viciante e seja narrado de forma eficaz com grande lirismo e uma surpreendente capacidade de descrever, não há nenhum enredo real. Muitas vezes, os capítulos são apenas coisas que acontecem, os eventos estão lentamente moldando um novo mundo e o homem é apenas um elemento que precisa se adaptar a um ambiente que não pode mais domar.
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George R. Stewart foi o autor de vários livros sobre geografia e costumes dos Estados Unidos e torna este romance um louvor à natureza, ao ambientalismo, à imensidão da vida e à piada que é o homem no meio da Terra. Pois “Os homens vêm e vão, só a terra permanece”. É um grito de humildade humana, a reflexão sobre felicidade, simplicidade e civilização. Realmente, esta novela merece um artigo de maior comprimento, pois embora seja divertido de ler, a profundidade dos temas abordados convida à reflexão e conscientização.
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Possivelmente, um dos grandes sucessos deste romance é poder ser lido em diferentes níveis: desde a simples história de sobrevivência em um mundo em ruínas até os sentimentos profundos que este romance ecológico desperta no leitor.
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Só posso recomendar ler e apreciar um grande romance de ficção científica, este velho gènero tantas vezes ultrapassado e tantas outras vezes profético. É um grande romance e, portanto, vale a pena ler.
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Foi seu livro Storm, de 1941, destacando-se como protagonista uma tempestade no Oceano Pacífico chamada “Maria”, que levou ao Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos a usar nomes de pessoas para designar tempestades e inspirou Alan Jay Lerner e Frederick Loewe a escrever a música “They Call the Wind Maria” para o músical Paint Your Yagon, em 1951.
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George R. Stewart foi um membro fundador da American Name Society em 1956-1957 e ele serviu, uma vez, como testemunha chave numa tentativa de assassinato de um especialista em nomes familiares. Seus trabalhos acadêmicos sobre a poesia métrica das baladas (publicada sob o nome de George R. Stewart Jr.), começando com sua dissertação em Ph.D., em 1922, na Universidade de Columbia, continua importante em sua área.

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RELAÇÃO DE SUAS OBRAS
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* Earth Abides
* Ordeal by Hunger
* Names on the Land: A Historical Account of Place-Naming in the United…
* Pickett’s Charge
* Storm
* The Pioneers Go West (Landmark Books)
* Fire
* To California by Covered Wagon
* American place-names; a concise and selective dictionary for the…
* American Given Names: Their Origin and History in the Context of the…
* The California Trail: An Epic with Many Heroes
* Names on the Globe
* Committee of Vigilance; Revolution in San Francisco, 1851, an Account of…
* American ways of life
* U.S. 40 Cross Section Of The United States of America
* Donner Pass and Those Who Crossed It The story of the country made notable…
* N.A. 1: The North-South Continental Highway
* Man. An Autobiography
* The year of the oath; the fight for academic freedom at the University of…
* Take Your Bible in One Hand: The Life of William Henry Thomes
* Doctor’s oral
* The Years of the City
* Good lives
* East of the Giants
* John Phoenix, esq., the veritable Squibob a life of Captain George H.…
* Bret Harte: Argonaut and Exile
* Leben ohne Ende : Science Fiction-Roman
* Notes on R. O. Bolt,: A man for all seasons; (Notes on chosen English…
* The Parent’s Success Guide to Baby Names For Dummies (Lifestyles…
* Im Schatten der goldenen Berge
* A bibliography of the writings of Bret Harte in the magazines and…
* Not So Rich As You Think
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Estudando nomes, escrevendo livros de história, biografias, romances e ficção científica, além de poesia e muitos trabalhos acadêmicos, tem muito mais a dizer do que apenas um livro publicado em lingua portuguesa.
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A própria estória dessa publicação brasileira é heróica.
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Foi publicado pela EDIÇÕES GRD, do visionário empreendedor
Gumercindo Rocha Dorea
editor Gumercindo Rocha Dorea.
Ele iniciou o “Clube GRD de Ficção Científica” com esse livro. A Ficção Científica GRD se tornou a mais importante coleção de FC da sua época, e talvez de todos os tempos, no Brasil. Publicou pela primeira vez aqui nomes de peso como C. S. Lewis, Robert A. Heinlein, James Blish, John Wyndham, Chad Oliver, Ievguêni Zamiátin – e em coleções paralelas, as Edições GRD de Dorea franquearam aos leitores brasileiros também Ray Bradbury, H. P. Lovecraft, Walter M. Miller, Jr., Fredric Brown, entre outros.
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Li todos.

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