segunda-feira, 20 de julho de 2009

Morte em Veneza, de Thomas Mann


Encantado pela possibilidade de ter deixado passar uma porção de livros, clássicos da literatura universal, depois de ter lido "O Leopardo", iniciei a leitura de "Morte em Veneza" de Thomas Mann. Livrinho pequeno, aparentemente despretencioso e respaldado na efusiva aprovação de qualquer intelectual que se preze.
Lamento informar de minha decepção.
A edição é da Abril Cutural, de 1979, na direção de Victor Civita. Apesar de popular, é bem cuidada, com alguns erros de edição. Tendo gostado da edição para "Ulisses" de James Joyce, sempre considerei como boas as edições da Abril, mas essa em minhas mãos é sofrível.
Primeiro, pela péssima tradução de Maria Deling. O texto parece ter sido traduzido do espanhol e não diretamente do alemão. A pontuação é excessiva, muitas vezes desnecessária e confusa. Os tempos verbais mudam no meio da frase. A escolha de sucedâneos portugueses é estranha, parecendo que são muitos escritores num mesmo parágrafo.
Alguém devia fazer uma tradução que se preze desse autor.
O tema é espinhoso, podendo ser reduzido aos sentimentos de paixão de um homem à beira da velhice por um menino. Seria homosexual se não ficasse no plano espiritual, como se isso fosse desculpa para as violentas paixões enrustidas que o personagem vive. O meio ambiente construído pelo autor é de decadência, beirando o fantástico nas situações conspiratórias que o destino organiza.
Mas fica nisso.
Fiquei até com saudade de ler J. G. Ballard, conhecido pelo filme "Império do Sol" (é ele o menino no campo de concentração japonês), mas com outros contos e romances em ambientes pós-apocalipticos, devastados, decadentes, úmidos e quentes.
Continuo querendo um bom livro para ler.