quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Jose de Sousa Saramago e eu.

Comecei a ler Saramago pelo seu livro mais delicioso.

Cheio de personagens fantásticos e cativantes envolvidos numa fantasia, "Memorial do Convento" me fez dizer que Saramago é um Stephen King português, só para tentar seduzir a enorme legião de leitores do arrasa-quarteirão americano.
Nenhum deles ficaria decepcionado, pois outros livros de  Saramago são tão fantásticos como o conto mais delirante de Jorge Luiz Borges. Como em "Ensaio Sobre a Cegueira", "A Caverna", "A Jangada de Pedra", "O Ano da Morte de Ricardo Reis", "História do  Cerco de Lisboa", todos pura liretatura fantástica.

E isso é prato cheio para quem quer ler com o nobre objetivo de se divertir, mas causando o efeito colateral desejável de fazer o leitor refletir sobre temas essenciais do ser humano.
Aí o sujeito diz que não gosta do português de Portugal que Saramago sempre fez questão de preservar no Brasil. Diz, ainda, que os parágrafos são muito grandes e que os diálogos não são separados numa linha para cada fala, com aquele travessão no lado esquerdo da folha. Pois deixe de ser bobo, sujeito! O interessante a mais é mesmo a conversa de Saramago, nos mostrando a música e a poesia que usou para se expressar. Quanto aos diálogos, é genial como nos economiza papel e como é fácil entender o colóquio dos personagens, mesmo lendo com minima atenção.

Amaciado pelos livros mais aventurescos e fantasiosos, passei a ler "Levantado do Chão", "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" e outros. Todos os outros até não sobrar nenhum, mesmo aqueles não tão bons para se divertir, mas sempre polêmicos e inesperados.

Claro que tem coisas sobre ele que contesto. Ele mesmo me ensinou a sempre contestar.
Cheguei a achar que não permitia que seus livros fossem adaptados para o português do Brasil porque a nossa é "língua de preto". Coisa em que não acredito, mesmo que ele mesmo me dissesse.

Achei que não merecia o Prêmio Nobel, pois temi que a honraria iria dar à sua obra um verniz de erudição que afastaria os leitores populares. Mas nada tema, pois ele é muito fácil de ler e muito divertido, também.

Uns outros livrinhos, surgidos por aqui depois do Prêmio Nóbel, achei até bem indigestos, parecendo coisas escritas há muito tempo, resgatadas do fundo da gaveta para alimentar os leitores e aproveitar a conquistada notoriedade. Porém, contestador, polêmico e libertário, Saramago não é o tipo do escritor de "mais e mais do mesmo", pois cada obra é única e independente das outras, ao contrário de quase todos os outros escritores cujos trabalhos sempre refletem os mesmos ambientes e os mesmos temas. Nós, 'o mercado', temos essa voracidade por sempre mais da mesma coisa, basta ver a comoção que causa o fim de uma saga qualquer, seja de vampiros ou de bruxos. Ou a forte demanda para livros sobre a mesma coisa de qualquer autor. Logo, Saramago contesta e ao leitor só resta crescer e evoluir.

Essa é a história de Saramago e eu.

Hoje, 18 de Junho, será a data de lembrar Saramago, dia que vem logo depois do dia de lembrar James Joyce, outro contestador, no dia do Bloom's Day.

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