Encantado pela possibilidade de ter deixado passar uma porção de livros, clássicos da literatura universal, depois de ter lido "O Leopardo", iniciei a leitura de "Morte em Veneza" de Thomas Mann. Livrinho pequeno, aparentemente despretencioso e respaldado na efusiva aprovação de qualquer intelectual que se preze.
Lamento informar de minha decepção.
A edição é da Abril Cutural, de 1979, na direção de Victor Civita. Apesar de popular, é bem cuidada, com alguns erros de edição. Tendo gostado da edição para "Ulisses" de James Joyce, sempre considerei como boas as edições da Abril, mas essa em minhas mãos é sofrível.
Primeiro, pela péssima tradução de Maria Deling. O texto parece ter sido traduzido do espanhol e não diretamente do alemão. A pontuação é excessiva, muitas vezes desnecessária e confusa. Os tempos verbais mudam no meio da frase. A escolha de sucedâneos portugueses é estranha, parecendo que são muitos escritores num mesmo parágrafo.
Alguém devia fazer uma tradução que se preze desse autor.
O tema é espinhoso, podendo ser reduzido aos sentimentos de paixão de um homem à beira da velhice por um menino. Seria homosexual se não ficasse no plano espiritual, como se isso fosse desculpa para as violentas paixões enrustidas que o personagem vive. O meio ambiente construído pelo autor é de decadência, beirando o fantástico nas situações conspiratórias que o destino organiza.
Mas fica nisso.
Fiquei até com saudade de ler J. G. Ballard, conhecido pelo filme "Império do Sol" (é ele o menino no campo de concentração japonês), mas com outros contos e romances em ambientes pós-apocalipticos, devastados, decadentes, úmidos e quentes.
Continuo querendo um bom livro para ler.
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